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20/02/2017

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (71)

Outras avarias da geringonça.

Entalado entre as pressões para «vincular» os professores «precários» e as contenções orçamentais indispensáveis para Bruxelas continuar a abrir os cordões à bolsa, o governo decidiu dar um osso ao PCP e ao BE (mais a este do que ao outro) imaginando que não custaria nada - irá custar, e muito, no futuro ao país. Trata-se de desfazer as reformas de Crato: reduzir os tempos das disciplinas de Português e Matemática e aumentar os tempos dedicados à doutrinação através do que eles chamam de ciências sociais, cidadania, «formação» cívica e as outras tretas do costume que os berloquistas, se os deixassem, tentariam transformar numa réplica das suas universidades de verão onde «a política também passa pelo WC» e se promove o «tocar em alguém do mesmo género».

Com grande fanfarra o governo festejou o crescimento do PIB de 1,4% em 2016. Pode o governo ser um desastre a governar o país mas devemos reconhecer-lhe uma gestão brilhante da agenda mediática - ou, se preferirem colocar as coisas com maior realismo, um aproveitamento sem escrúpulos de uma opinião pública desinformada por um jornalismo arregimentado pelas diversas facções da geringonça. Foi assim que ao anunciarem em Outubro uma previsão de crescimento de 1,2% fizeram esquecer o «virar a página» com 2,6%, as previsões de 2,4% do documento «Uma década para Portugal» e a de 1,8% do OE 2016 e do Programa de Estabilidade 2016-2020.

O défice também foi muito celebrado depois de uma preparação cuidadosa, como no caso do PIB, para reduzir as expectativas. Porém, como percebeu toda a gente que quis perceber, incluindo a Comissão Europeia, descontando os efeitos de medidas extraordinárias, e os efeitos do ciclo económico, não houve qualquer ajustamento em relação a 2015. E está ainda por esclarecer o que se passará com o défice em contabilidade nacional que, segundo as estimativas do insuspeito Victor Batista (um ex-deputado do PS), poderá atingir 3,27% considerada a dívida não paga a fornecedores e credores de 1.812 milhões.

Quanto às outras previsões, o consumo privado cresceu um pouco acima do previsto (2%), o consumo público que deveria ter diminuído 0,4% aumentou 1%, o investimento que deveria ter crescido 7,8% diminuiu 1%,

Nem falar quanto à dívida pública que ultrapassou todas as estimativas do governo e continua a crescer indiferente ao défice orçamental. Segundo as estimativas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) a dívida no final de 2016 terá ficado entre 129,8% e 130,5% do PIB,

No meio destes indicadores que prenunciam o caminho para o desastre, surgem algumas notícias a que a geringonça se agarra como náufrago à tábua: em termos homólogos o emprego aumentou 82 mil no último trimestre e a taxa de desemprego desceu no fim do ano para 10,5%. Talvez não haja muita razão para lançar foguetes se nos lembrarmos que o emprego está ao nível de há 20 anos (Pordata) e que de 400 mil trabalhadores com o salário mínimo em meados de 2014 se passou para quase um milhão no final de 2016.

Não vou insistir na novela da Caixa, em particular no episódio dos SMS e no chorrilho de mentiras e meias-verdades de Marcelo, Costa, Centeno e de outras figuras menores, Relevo apenas (1) a inesperada e oportuna saída de cena de Costa, enquanto Centeno era empalado, para visitar os 160 militares destacados na missão das Nações Unidas na República Centro-Africana e (2) o pânico que se gerou nas hostes da geringonça (incluindo no BdP onde o governador Costa aparece cada vez mais como uma marioneta do governo) com a decisão do Tribunal da Relação de levantamento do segredo de justiça sobre documentação da Caixa dos créditos malparados. Percebe-se a preocupação - quanto mais casos de encobrimento de falsificação de contas se iriam descobrir?

Em resultado da engorda do Estado a que geringonça se tem dedicado com afinco, o número de utentes da vaca marsupial pública no final do ano passado tinha aumentado 8.058 (1,2%) e atingiu 663.798 e, em Outubro, a média mensal da remuneração (1.451 euros) tinha aumentado 3,5% em relação ao mesmo mês de 2015. Apesar de ter hoje uma missão muito mais reduzida, nem o BdeP escapa à engorda.

Se o Estado engordou não admira que as liberdades tenham emagrecido. Portugal desceu 13 lugares para 77.º no ranking de Índice de Liberdade Económica da Heritage Foundation.

1 comentário:

Anónimo disse...

O que está em causa é isto:

peticaopublica.com/pview.aspx?pi=ideologiadogenero

Assinem e divulguem.