Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

20/04/2024

How the Radical Left Conquered Almost Everything for a Time (XI)

(Continued from I, II, III, IV, V, VI , VII, VIII, IX e X)
With these examples of neo-Marxism in institutions extracted from Christopher Rufo's book, I end this series of posts.

«And the leading actors are well compensated. After their summer of revolution, Black Lives Matter cofounder Patrisse Cullors signed an entertainment deal with Warner Bros. and spent $3.2 million on four high-end homes across the country. The other cofounders, Alicia Garza and Opal Tometi, signed entertainment deals with marquee Hollywood talent agencies and the group secretly bought a $6 million mansion in Southern California. Meanwhile, their organization descended into outright graft: one leader allegedly stole $10 million in donations. Others transferred millions to family members through shadowy consulting firms and nonprofit entities. Massive sums of money went missing altogether. 

BLM activists were never a threat to capitalism - they were its beneficiaries. The wave of chaos they unleashed was never a viable path to liberation; it was an accelerant for destruction. »
________________

I have used the term neo-Marxism to characterize the ideological hodgepodge that supports critical race theory and the other woke bullshit. Which is obviously debatable. Christopher Rufo, the author of the book, in a recent debate published in The Free Press addressed the characterization of these movements in the following terms:

«I personally don’t use the term cultural Marxist that Yascha has done. I don’t do so in the book, although I think that the basic concept, if we leave the moniker aside, is that Marxism—the basic categorical distinctions—moved away from a purely orthodox materialist science or material determinism toward entities of culture, family, law, in a kind of Gramscian direction. [Herbert] Marcuse was a Marxist, and he was the most influential philosophical figure of the New Left, which is the prototype of the radical left we see today.

His doctoral student, Angela Davis, was a member of the Communist Party, is a devoted Marxist, and really took the Marxist tradition and applied it to racial categories. Then within academia, most notably her long career at UC–Santa Barbara, and then her mentees, the third generation, were the founders of Black Lives Matter. They said themselves, “we are trained Marxists.” If you read a law review article written by one of the BLM founders, if you listen to their interviews and speeches, and then if you listen to their interviews with Angela Davis, they make very clear: “we are mobilizing along racial lines. We think that that’s the best rhetorical approach to score political victories. But the ultimate goal is the abolition of capitalism.” And you see this absolutely everywhere: in training programs and academic work, and even critical race theory.»

19/04/2024

Um Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Género pode ser uma espécie de clínica do Dr. Mengele (5) - Epílogo (ou talvez não)

Continuação de (1), (2), (3) e (4)

Em retrospectiva: a Tavistock and Portman NHS Foundation, uma organização inspirada na ideologia da identidade de género, geria o Gender Identity Development Service (GIDS) uma clínica "transgénero" dedicada à mudança de sexo em Inglaterra e Gales que durante dez anos administrou "supressores de puberdade", um coquetel hormonal para travar o desenvolvimento normal da sexualidade, a milhares de crianças e adolescentes com disforia sexual.

Depois de mais de 9 mil casos de adolescentes que passaram pelo GIDS, o NHS considerou as práticas do GIDS não seguras para crianças e decidiu em Julho de 2022 fechar a clínica a partir da Primavera de 2023.

Decidiu mas nada aconteceu por pressão dos militantes da identidade de género. Até que foi publicado no dia 9 de Abril o relatório da comissão nomeada em 2020 pelo NHS liderada pela Dra. Hilary Cass, ex-presidente do Royal College of Paediatrics que considerou inadequados e sem suporte científico os tratamentos hormonais no GIDS, considerou tóxico o debate à volta deste tema e recomenda um modelo que dê prioridade à terapia e considere outras questões de saúde mental que estejam envolvidas.

Em consequência, finalmente o GIDS foi fechado. Contudo, o tratamento hormonal dos adolescentes não terminou e algumas clínicas privadas estão a oferecer medicamentos online para crianças com a cooperação de alguns ex-médicos do GIDS.

18/04/2024

Tele evangelista avant la lettre e tele evangelista après la lettre


Até num Portugal dos Pequeninos, onde no lugar dos conflitos de interesse só existem interesses em conflito, é algo insólito ficarmos a saber no mesmo dia que o Dr. Costa, ex-primeiro-ministro acabado de sair do governo, um político profissional toda a sua vida adulta, e o Cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, um eclesiástico profissional e celebridade mediática, irão fazer comentário político e religioso (?), respectivamente (?), no mesmo canal de televisão.

[O título deste post saiu em modo de escrita automática e fiquei sem saber quem são o avant e o aprés.]

17/04/2024

A arma atómica dos pobres é o útero das suas mulheres

Fonte

[Título inspirado em Houari Boumédiène, ministro da Defesa e mais tarde presidente da Argélia, que década de 60 num discurso (salvo erro nas Nações Unidas) proclamou que a arma atómica dos árabes era o útero das suas mulheres]

16/04/2024

Nanny state is back in a new incarnation, in Britain and elsewhere (3) - The Labor jumped on the bandwagon and the Conservatives followed

Continued from (1) and (2)


«Labour wants three- to five-year-olds to have tooth-brushing lessons» followed by the Tories who «plans to stop young people born since 2009 ever smoking (...) Rishi Sunak's bill aims to create the UK's first smoke-free generation in a major public health intervention.» (source

«The second reading of the legislation passed by 383 votes to 67. Some 59 Conservatives voted against.» (source

Um semanário incompetente deu um tiro no seu próprio pé quando queria dar um tiro no pé do governo chico-esperto, tiro supérfluo porque o governo o havia antecipado

A estória parece complicada mas é simples. O Dr. Montenegro anunciou uma redução do IRS neste ano de 1.500 milhões (o que é verdade) e omitiu que o orçamento aprovado pelo PS já incluía uma redução de 1.300 milhões, pelo que a redução da responsabilidade do governo AD era de apenas 200 milhões.

aqui zurzi a incompetência do semanário de referência que publicou na primeira página um título completamente falso sobre a duplicação da descida do IRS, incompetência a que o director somou má-fé ao desculpar-se com o governo,   

Também já tinha apontado o dedo à aparentemente deliberada pouca clareza do Dr. Montenegro a que acrescento agora a incompetência na gestão da comunicação ao admitir que a sua chico-espertice iria passar desapercebida a uma oposição impaciente que, apesar da também óbvia incompetência, conta com a preciosa ajuda de pelotões de jornalistas de causas e de opinion dealers que em vez escrutinarem as acções do governo fazem backup às falhas da oposição com a maior falta de independência e de objectividade.

Acrescento ainda, desengane-se quem imagina que o importante é o conteúdo e que a comunicação é secundária, para não dizer irrelevante. Se um governo, nomeadamente um primeiro-ministro, não tem competência para comunicar, o que sempre foi grave, é desastroso no mundo mediático em que estamos mergulhados, e, no caso de um governo ideologicamente desalinhado com a turba que habita as redacções (reforçada com o humor de causas do humorista mais popular no activo), é mortal. 

E a incompetência na comunicação é uma das marcas dos governos PSD que fica mais visível por causa do desalinhamento com a opinião publicada. Para ficar por um só exemplo, o slogan de Passos Coelho "para além da troika" (ler aqui o que o outro contribuinte escreveu há quase dez anos e este contribuinte subscreve), para além de não corresponder à verdade, deu lenha à esquerdalhada para torrar o governo perante um eleitorado que adora vitimizar-se.

15/04/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (2)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta».

Agora que o governo do Dr. Costa já se retirou não será excessivo esgravatar as sequelas da sua governação?

Se adoptar o critério do Dr. Costa que após oito anos de governação ainda se desculpava com o governo anterior, seguramente não é demasiado. Sossegai, porém, porque não tenho o propósito nem a pachorra para mais do que umas quantas sequelas.

Tirou-me as palavras da boca

«É mesmo estranho ouvir quem teve 3050 dias para resolver tantos problemas estar agora a incitar o Governo a fazê-lo em 60», disse o Dr. Montenegro comentando a carta aberta do Dr. Pedro Nuno e esquecendo que isso é apenas mais um expediente de quem andou esses mesmos 3050 dias a queixar-se da herança.

A Dr.ª Marisa também me tirou as palavras da boca...

... ao comentar a carta do Dr. Pedro Nuno sobre as medidas que esperava que o Dr. Montenegro adoptasse nos próximos 60 dias, a deputada berloquista considerou «curioso que parece que haja agora uma descoberta de que afinal há condições e condições orçamentais». 

Um dos problemas que o Dr. Pedro Nuno incita o governo a resolver...


Não me admiraria que o PS também quisesse reduzir os ajustes directos...

... que o ano passado representaram quase metade dos contratos públicos, representando um aumento de 1% do número de 8% do valor.

Durante vários anos teremos de circular na autoestrada mexicana do investimento público

Esta é uma das sequelas mais duradouras da herança costista que resultou de apresentar défices baixos ou mesmo superávits (política a que ele chamou "contas certas") à custa da redução continuada da execução do investimento público disfarçada com as habilidades aqui descritas. Desde 2011 até 2022, segundo a estimativa de Ferreira Machado, o stock de capital fixo do Estado reduziu-se cerca de 14.000 milhões de euros, o equivalente a 5% da dívida pública.

O buraco do BES é outra sequela da parceria DDT-Animal Feroz 

Desde 2014 o pletórico passivo resultante da resolução de BES vem crescendo e atingiu 7.400 milhões de euro, o triplo do valor inicial.

Choque da realidade com a Boa Nova

Lembram-se do futuro risonho que o governo do Dr. Costa, principalmente pela boca do Dr. Galamba, augurava ao hidrogénio verde em Sines? Caso a memória não ajude, podem refrescá-la na série de posts «O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho». Fast rewind e chegamos a 2024 e o consórcio Engie-Shell anuncia o cancelamento do projeto de hidrogénio verde em Sines.

E os "cofres cheios" não são uma boa herança?

Não, não são. Já aqui lembrei que o excedente de 3,2 mil milhões só existiu em consequência do excedente de 5,5 mil milhões da Segurança Social, que não é excedente nenhum porque terá de ser afectado às reservas para garantir a sustentabilidade a longo prazo. Na verdade, sem a Segurança Social as contas da administração pública apresentaram défices: 2.329 milhões de euros na administração central e de 147,8 milhões na administração local.

Fonte
E, para fim de conversa,  acrescento agora que um excedente não é cofre nenhum e a única coisa que vagamente se poderia considerar como tal são os depósitos em bancos das administrações públicas que em percentagem do PIB são hoje mais baixos do que em 2014 (estimativas de Óscar Afonso).

14/04/2024

ARTIGO DEFUNTO: O "semanário de referência" chama embuste e fraude do governo à sua própria incompetência

A qualquer pessoa que tenha seguido com um módico de atenção as medidas de redução do IRS anunciadas pelo governo, deveria ser evidente que o título bombástico na primeira página do semanário de reverência só poderia ser um disparate (ou talvez não, o que seria ainda mais grave).

De facto, o que o Dr. Montenegro disse no parlamento, que o próprio Expresso cita na sua página 6, foi
«É a ‘medida popular’ por definição e custa aos cofres do Estado 1500 milhões de euros, para ajudar a “libertar os portugueses do excessivo fardo fiscal”, como disse Montenegro na apresentação do programa de Governo, esta quinta-feira no Parlamento
Em lado algum, a não ser no título do Expresso, o Dr. Montenegro é citado a dizer que «duplica a descida do IRS» e parecia claro para toda a gente, excepto para o Expresso, que os 1.500 milhões de euros era a montante total da redução em relação ao ano passado, o que inclui a redução já prevista no OE 2024 apresentado pelo governo PS.  

Poderá dizer-se que o Dr. Montenegro, fazendo o que costuma fazer o PS, se exprimiu com pouca clareza não explicitando que cerca de 1.300 milhões dos 1.500 milhões já estavam no OE 2024? Pode dizer-se certamente e competiria o Expresso repor as coisas na sua dimensão. Não o fez e, perante a grossa asneira do título que não tem pés nem cabeça, em vez de se retratar e pedir desculpa pela sua incompetência, publicou uma Nota do director com o título «É mais do que um embuste. É enganar os portugueses» em que desmente o que publicou e atribui a um embuste e fraude do governo o que resulta da sua própria incompetência.

Foi com essa reacção despropositada e mistificadora que o Expresso tentou limpar a sua folha ao ver-se alvo do tiro de barragem do PS pelo título que de facto parecia saído de um gabinete de agitprop. Para quem se intitula semanário de referência não está mal.